6 de abril de 2009

EPÍLOGO: PACTO



Quase tudo estava de volta ao normal - ao bom, normal pré-zumbi - em menos tempo do
que eu teria julgado possível. O hospital recebeu Carlisle de volta com braços ansiosos, sem nem
se preocupar em escinder sua felicidade por Esme ter desgostado tanto da vida em Los Angeles.
Graças ao teste de Cálculo que eu perdi enquanto estive no estrangeiro, Alice e Edward estavam
em melhores condições de se formarem do que eu estava no momento. De repente, a faculdade
era uma prioridade (a faculdade ainda era o plano B, na chance mínima de que a proposta de
Edward superasse a proposta de pós formatura de Carlisle). Muitos prazos haviam passado por
mim, mas Edward tinha uma nova pilha de pedidos de aceitação pra eu preencher todos os dias.
Ele já havia freqüentado Harvard, então ele não se incomodava que, graças á minha
procrastinação, nós dois acabaríamos na Faculdade Comunitária de Península no ano que vem.
Charlie não estava feliz comigo, e nem falando com Edward. Mas pelo menos Edward tinha
permissão - nos meus horários que foram designados para as visitas - pra entrar na casa de novo.
Só que eu não tinha permissão pra sair dela.
Escola e o trabalho eram as únicas exceções, e o amarelo fatigante, chato das paredes das
minhas salas de aula, haviam ficado estranhamente convidativos pra mim ultimamente. Isso tinha
muito a ver com a pessoa que se se sentava à mesa ao lado da minha.
Edward havia reassumido o seu mesmo horário do início do ano passado, o que o colocou na
maioria das minhas aulas de novo. O meu comportamento foi tão ruim no outono passado, depois
que os Cullen supostamente se mudaram pra Los Angeles, que a cadeira ao meu lado nunca foi
reocupada. Mesmo Mike, que estava sempre ansioso pra tirar alguma vantagem, manteve uma
distância segura.
Com Edward de volta ao seu lugar, era quase como se os últimos oito meses tivessem sido
um pesadelo perturbador.
Quase, mas não exatamente. Eu estava presa em casa, pra começar. E pra terminar, no
outono passado, eu ainda não tinha virado a melhor amiga de Jacob Black.
Então, é claro, eu não tinha sentido a falta dele.
Eu não estava em liberdade pra ir até La Push, e Jacob não estava vindo até mim. Ele nem
atendia as minhas ligações.
Eu fazia essa ligações na maioria das vezes á noite, depois que Edward havia sido botado
pra fora - exatamente ás nove, por um Charlie severo e alegre - e antes que Edward entrasse pela
minha janela depois que Charlie estivesse dormindo. Eu escolhi essa hora para fazer as minhas
ligações infrutíferas porque eu havia notado que Edward fazia uma certa cara toda vez que eu
mencionava o nome de Jacob. Meio desaprovador e cauteloso... talvez até com raiva. Eu me
perguntei se ele sentia o mesmo preconceito recíproco pelos lobisomens, apesar dele não ser tão
vocal quanto Jacob havia sido sobre os "sugadores de sangue".
Então, eu não mencionava muito Jacob.
Com Edward perto de mim, era difícil pensar em coisas infelizes - mesmo no meu ex melhor
amigo, que provavelmente estava muito infeliz agora, por minha causa.
Quando eu pensava em Jake, eu sempre me sentia culpada por não pensar mais nele.
O conto de fadas estava de volta. O príncipe havia retornado, o feitiço ruim foi quebrado. Eu
não tinha certeza do que fazer com o personagem que sobrou, sem ser resolvido. Onde estava o
feliz pra sempre dele?
As semanas se passaram, e Jacob ainda não atendia os meus telefonemas. Isso começou a
se transformar numa preocupação constante. Como uma torneira pingando na minha cabeça que
eu não podia desligar ou ignorar. Drip, drip, drip. Jacob, Jacob, Jacob.
Então, apesar de eu não mencionar Jacob muito, as vezes, a minha ansiedade e a minha
frustração transbordavam.
- Isso é muito rude! - eu soltei num Sábado á tarde quando Edward foi me buscar no
trabalho. Ficar brava com as coisas era mais fácil que me sentir culpada. - Absolutamente
insultante!
Eu variava o meu padrão, na esperança de ter respostas diferentes. Dessa vez eu liguei pra
Jacob do trabalho, só pra ser atendida por um inútil Billy. De novo.
- Billy disse que ele não queria falar comigo - eu fumacei, olhando a chuva cair pela janela
do passageiro. - Que ele estava lá, e que não ia caminhar três passos pra pegar o telefone!
Geralmente Billy simplesmente disse que ele está ocupado ou dormindo ou alguma coisa assim.
Quer dizer, não é como se eu não soubesse que ele está mentindo pra mim, mas pelo menos era
uma forma educada de lidar com isso. Eu acho que agora Billy me odeia também. Isso não é
justo!
- Não é você, Bella - Edward disse baixinho. - Ninguém odeia você.
- Dá pra sentir - eu murmurei, cruzando meus braços no peito. Isso não era mais que um
gesto de teimosia. Agora não havia mais buraco - eu mal podia me lembra de como era me sentir
vazia.
- Jacob sabe que estamos de volta, e eu tenho certeza de que ele já foi informado de que eu
estou com você - Edward disse. - Ele não vai chegar perto de mim. A inimizade tem raízes muito
profundas.
- Isso é estúpido. Ele sabe que você não é... como os outros vampiros.
- Ainda existem boas razões pra manter uma distância segura.
Eu olhei cegamente pelo pára-brisa, vendo apenas o rosto de Jacob, com aquela mácara
azeda que eu odiava.
- Bella, nós somos o que nós somos - Edward disse baixo. - Eu posso me controlar, mas eu
duvido que ele possa. Ele é muito jovem. Isso teria grandes probabilidades de se transformar
numa briga, e eu não sei se conseguiria parar antes de m - ele parou, e então continuou
rapidamente. - Antes de machucá-lo. Você ficaria infeliz. Eu não quero que isso aconteça.
Eu me lembrei o que Jacob havia dito na cozinha, ouvindo as palavras numa perfeita
lembrança da voz rouca dele. Eu não tenho certeza de que sou controlado o suficiente pra lidar
com isso... Você provavelmente não ia gostar muito de mim se eu matasse a sua amiga. Mas ele
foi capaz de lidar com isso, daquela vez...
- Edward Cullen - eu sussurrei. - Você estava prestes a dizer 'matar ele? Estava?
Ele desviou o olhar de mim, olhando para a chuva.
Na nossa frente, o sinal vermelho que eu não havia reparado ficou verde de novo ele seguiu
em frente de novo, dirigindo muito lentamente. Não era o seu normal de dirigir.
- Eu tentaria... muito... não fazer isso - Edward disse finalmente.
Eu o encarei com a minha boca aberta, mas ele continuava olhando diretamente para a
frente. Nós estávamos parados no sinal de pare da esquina.
Abruptamente, eu me lembrei do que aconteceu com Paris quando Romeu voltou. Os scipts
eram bem simples: Eles lutam, Paris cai.
Mas isso era ridículo. Impossível.
- Bem - eu disse, e respirei fundo, balançando a minha cabeça para dissipar as palavras da
minha cabeça. - Nada assim vai acontecer nunca, então não há razão para se preocupar com isso.
E você sabe que Charlie está olhando para o relógio nesse instante. É melhor você me levar pra
casa antes que eu me meta em mais problemas por estar atrasada.
Eu virei o meu rosto pra ele, pra sorrir meio sem vontade.
Toda vez que eu olhava para o rosto dele, aquele rosto impossivelmente perfeito, meu
coração batia muito forte e saudável, muito lá no meu peito. Dessa vez, o batimento passou do
seu próprio ritmo alucinado. Eu reconhecia aquela expressão no seu rosto de estátua.
- Você já se meteu em mais problemas, Bella - ele sussurrou por lábios que não se moviam.
Eu escorreguei mais pra perto, agarrando o braço dele enquanto seguia o seu olhar pra ver
o que ele estava vendo. Eu não sei o que eu estava esperando - talvez Victória de pé no meio da
rua, com o seu cabelo vermelho voando ao vento, ou uma fila de mantas pretas... ou um bando
de lobisomens raivosos. Mas eu não estava vendo absolutamente nada.
- O que? O que é?
Ele respirou fundo. - Charlie...
- Meu pai? - eu arranhei.
Ele olhou pra mim nessa hora, e a expressão estava calma o suficiente pra acalmar um
pouco do meu pânico.
- Charlie provavelmente não vai matar você, mas ele está pensando nisso - ele me disse.
Ele começou a dirigir em frente de novo, rua abaixo, mas ele passou da casa e estacionou
perto de onde as árvores começavam.
- O que foi que eu fiz? - eu asfixiei.
Edward olhou de volta para a casa de Charlie. Eu segui o seu olhar, e reparei pela primeira
vez no que estava estacionado na garagem ao lado da viatura. Cintilante, vermelha brilhante,
impossível de não ver. Minha moto, ostentando a sí mesma na garagem.
Edward disse que Charlie estava pronto pra me matar, então ele devia saber que - que ela
era minha. Só havia uma pessoa que podia estar por trás dessa traição.
- Não! - eu asfixiei. - Porque? Porque Jacob faria isso comigo? - a dor dessa traição me lavou
por dentro. Eu havia confiado em Jacob implicitamente, confiei a ele os mínimos segredos que eu
tinha. Era pra ele ser o meu porto seguro, a pessoa com a qual eu sempre podia contar. É claro
que as coisas estavam acertadas no momento, mas eu não achava que nenhuma das linhas
desses fundamentos haviam sido mudadas. Eu não achava que isso fosse mutável!
O que eu tinha feito pra merecer isso? Charlie ia ficar muito bravo - e pior que isso, ele ia
ficar machucado e preocupado. Será que ele já não tinha coisas suficientes com as quais lidar? Eu
nunca havia imaginado que Jake podia ser tão mesquinho e tão simplesmente mau. As lágrimas
saltaram, astutas, nos meus olhos, mas elas não eram lágrimas de tristeza. Eu havia sido traída.
Eu estava repentinamente com tanta raiva que minha cabeça latejava como se fosse explodir.
- Ele ainda está aqui? - eu assobiei.
- Sim. Ele está esperando por nós. - Edward me disse, acenando com a cabeça em direção á
fina passagem que dividia a floresta escura em duas.
Eu pulei pra fora do carro, me lançando na direção das árvores com as mãos já curvadas nos
punhos preparadas para o primeiro soco.
Porque Edward tinha que ser tão mais rápido que eu?
Ele me agarrou pela cintura antes que eu chegasse na passagem.
- Me deixe ir! Eu vou assassinar ele! Traidor! - eu gritei esse epiteto na direção das árvores.
- Charlie vai escutar você - Edward me avisou. - E assim que ele te colocar pra dentro, ele
pode até colocar tijolos nas portas.
Eu olhei de volta para a casa instintivamente, e parecia que a moto vermelha chamativa era
tudo o que eu podia ver. Eu estava enxergando vermelho. Minha cabeça latejou de novo.
- Só me dê um round com Jacob, e depois eu me viro com Charlie - eu lutei futilmente pra
me libertar.
- Jacob Black quer ver a mim. É por isso que ele ainda está aqui.
Isso me congelou - mandou a luta pra fora de mim. Minhas mãos ficaram flácidas.
Eles lutam; Paris cai.
Eu estava furiosa, mas não tão furiosa.
- Conversar? - eu perguntei.
- Mais ou menos.
- Quanto mais? - minha voz tremeu.
Edward alisou meu cabelo pra tirá-lo do meu rosto. - Não se preocupe, ele não está aqui pra
brigar comigo. Ele está agindo como... porta voz do bando.
- Oh.
Edward olhou para a casa de novo, então apertou o braço na minha cintura e me puxou em
direção á floresta. - Nós temos que nos apressar. Charlie está ficando impaciente.
Nós não tivemos que ir muito longe; Jacob estava nos esperando só um pouco acima de
onde a trilha começava. Ele estava encostado num tronco de árvore cheia de musgos enquanto
esperava, seu rosto estava duro e amargo, exatamente do jeito que eu sabia que estaria. Ele
olhou pra mim, e depois pra Edward. A boca de Jacob se transformou num sorriso sem humor de
desprezo, e ele se afastou da árvore. Ele ficou de pé sobre os pés descalsos, se inclinando
levemente para frente, suas mãos tremendo estavam cravadas nos punhos. Ele parecia ainda
maior do que da última vez que eu o havia visto. De alguma forma, impossivelmente, ele ainda
estava crescendo. Ele ia parecer uma torre ao lado de Edward, se eles ficassem lado a lado.
Mas Edward parou assim que nós o vimos deixando um grande espaço entre nós e Jacob.
Edward virou seu corpo, se movendo de forma que eu fiquei atrás dele.
Eu me inclinei ao redor dele pra encarar Jacob - pra acusá-lo com os meus olhos.
Eu pensei que ver a expressão ressentída, cínica dele, só me deixaria com ainda mais raiva.
Ao invés disso, ela me lembrou da última vez que eu havia visto ele, com lágrimas nos olhos.
Minha fúria enfraqueceu, falhou, quando eu olhei pra Jacob. Já fazia tanto tempo desde que eu
havia o visto - eu odiava que essa reunião tivesse que ser assim.
- Bella - Jacob disse como uma saudação, acenando com a cabeça uma vez mas sem desviar
os olhos de Edward.
- Porque? - eu sussurrei, tentando esconder o som do caroço na minha garganta. - Como é
que você pode fazer isso comigo, Jacob?
O desprezo sumiu, mas o rosto dele continuou duro e rígido. - Foi para o melhor.
- O que deveria significar? Você quer que Charlie me estrangule? Ou você queria que ele
tivesse um ataque cardíaco, como Harry? Não importa o quanto você esteja bravo comigo, como é
que você pôde fazer isso com ele?
Jacob estremeceu, as sobrancelhas juntas, mas ele não respondeu.
- Ele não queria machucar ninguém, ele só queria que você ficasse de castigo, pra que você
não tivesse permissão de passar o tempo comigo - Edward disse, explicando os pensamentos que
Jacob não diria.
Os olhos de Jacob brilhavam de ódio quando ele encarou Edward de novo.
- Aw, Jake! - eu gemí. - Eu já estou de castigo! Porque você acha que eu ainda não tinha ido
á La Push pra chutar o seu traseiro por não atender minhas ligações?
Os olhos de Jacob voltaram pra mim, confusos pela primeira vez. - Foi por isso? ele
perguntou, e depois travou a mandíbula, como se ele estivesse arrependido por ter dito alguma
coisa.
- Ele pensou que era eu que não estava deixando, e não Charlie - Edward explicou de novo.
- Pare com isso - Jacob disparou.
Edward não respondeu.
Jacob levantou os ombros uma vez, e depois travou os dentes com tanta força quanto os
punhos. - Bella não estava exagerando sobre as suas... habilidades - ele disse através dos dentes.
- Então você já deve saber porque eu estou aqui.
- Sim - Edward concordou com uma voz suave. - Mas antes de você começar, eu preciso
dizer uma coisa.
Jacob esperou, travando e destravando as mãos enquanto continuava tentando controlar os
arrepios que desciam pelos seus braços.
- Obrigado - Edward disse, e a voz dele palpitava de sinceridade. - Eu nunca vou ser capaz
de te dizer o quanto estou agradecido. Eu estou te devendo para o resto da minha... existência.
Jacob olhou pra ele branco, seus tremores pararam com a surpresa. Ele trocou um rápido
olhar comigo, mas o meu rosto estava igualmente mistificado.
- Por manter Bella viva - Edward esclareceu a voz dele áspera e fervente. - Quando eu... não
o fiz.
- Edward - eu comecei a dizer, mas ele levantou uma mão, seus olhos estavam em Jacob.
A compreensão lavou o rosto de Jacob antes que a máscara voltasse para o lugar.
- Eu não fiz isso para o seu benefício.
- Eu sei. Mas isso não apaga a gratidão que eu sinto. Eu achei que você devia saber. Se
houver qualquer coisa no meu poder que eu possa fazer por você...
Jacob ergueu uma sobrancelha preta.
Edward balançou a cabeça. - Isso não é do meu poder.
- Do de quem, então? - Jacob rosnou.
Edward olhou pra mim. - Dela. Eu aprendo rápido, Jacob Black, e eu não cometo o mesmo
erro duas vezes. Eu vou ficar aqui até que ela ordene que eu vá embora.
Eu fiquei momentaneamente imersa no seu olhar dourado. Não foi difícil compreender o que
eu havia perdido da conversa. A única coisa que Jacob podia querer de Edward era a sua
ausência.
- Nunca - eu sussurrei ainda presa no olhar de Edward.
Jacob fez um som de quem estava amordaçado.
Eu me libertei sem vontade do olhar de Edward pra fazer uma carranca pra Jacob. - Havia
algo mais que você queria Jacob? Você queria me meter em problemas, missão cumprida. Charlie
deve me mandar para a Escola Militar. Mas isso não vai me afastar de Edward. Não há nada que
possa fazer isso. O que mais você quer?
Jacob manteve os olhos em Edward.
- Eu só preciso lembrar os seus amigos sugadores de sangue de alguns pontos importantes
do acordo com o qual eles concordaram. Essa conversa sobre o acordo é a única coisa me
impedindo de rasgar a garganta dele nesse minuto.
- Nós não esquecemos - Edward disse ao mesmo tempo em que eu perguntava, - Que
pontos importantes?
Jacob ainda encarava Edward, mas ele me respondeu. - O acordo é bastante específico. Se
algum deles morder um humano, a trégua está acabada. Morder, não matar - ele enfatizou.
Finalmente, ele olhou pra mim. Seus olhos estavam frios.
Só me levou um segundo pra compreender a distinção, e isso deixou o meu rosto tão frio
quanto o dele.
- Isso não é da sua conta.
- Não é é o - foi tudo o que ele conseguiu falar.
Eu não esperava que as minhas palavras precipitadas trouxessem uma resposta tão forte.
Apesar do aviso que tinha vindo pra dar, ele não devia saber. Ele deve ter pensado que o aviso
era só uma precaução. Ele não havia se dado conta - ou não queria acreditar - que eu já havia
feito a minha escolha. Que eu realmente já tinha a intenção de me tornar um membro da família
Cullen.
Minha resposta fez Jacob chegar a quase ter convulsões. Ele pressionou os pulsos com força
nas têmporas, fechando os olhos bem apertados e se curvando sobre sí mesmo enquanto tentava
controlar os espasmos. O rosto dele ficou de um verde doentio por baixo da pele ruiva.
- Jake? Você tá bem? - eu perguntei ansiosamente.
Eu dei meio passo na direção dele, e então Edward me agarrou e me puxou de novo pra trás
do seu próprio corpo. - Cuidado! Ele não está sob controle - ele me avisou.
Mas Jacob já era algo de sí mesmo novamente; só os braços dele estavam tremendo agora.
Ele olhou pra Edward com puro ódio. - Ugh. Eu nunca machucaria ela.
Nem Edward e nem eu perdemos a inflexão, ou a acusação que isso significava. Um assobio
baixo escapou pelos lábios de Edward. Jacob curvou os punhos reflexivamente.
- BELLA! - o rugido de Charlie ecoou vindo da direção da casa. - ENTRE EM CASA NESSE
INSTANTE!
Todos nós congelamos, escutando o silêncio que se seguiu.
Eu fui a primeira a falar; minha voz tremia. - Droga.
A expressão furiosa de Jacob falhou. - Eu sinto muito por isso - ele murmurou. - Eu tinha
que fazer o que podia, eu tinha que tentar.
- Obrigada - O tremor da minha voz arruinou o sarcasmo. Eu olhei para a trilha, meio que
esperando que Charlie aparecesse marchando pelas avencas molhadas como um touro
enraivecido. Eu seria a bandeira vermelha na cena.
- Só mais uma coisa - Edward disse pra mim, e depois olhou pra Jacob. - Nós não
encontramos nenhuma pista de Victória do nosso lado da linha, e vocês?
Ele já sabia da resposta assim que Jacob pensou nela, mas Jacob falou a resposta, do
mesmo jeito. - A última vez foi quando Bella estava... fora. Nós deixamos ela pensar que estava
escapando, nós estavamos apertando o cerco, nos preparando pra emboscá-la...
Desceu gelo pela minha espinha.
- Mas depois ela desapareceu como um morcego do inferno. Pelo que podemos dizer, ela
sentiu o cheiro da sua pequena fêmea e fugiu. Ela não se aproximou da nossa terra desde então.
Edward balançou a cabeça. - Quando ela voltar, ela não é mais problema de vocês. Nós...
- Ela matou no nosso território - Jacob assobiou. - Ela é nossa!
- Não - eu comecei a protestar contra as duas declarações.
- BELLA! EU VEJO O CARRO DELE E EU SEI QUE VOCÊ ESTÁ AÍ! SE VOCÊ NÃO ENTRAR EM
CASA EM UM MINUTO...! - Charlie não se incomodou em terminar a sua ameaça.
- Vamos - Edward disse.
Eu olhei de volta para Jacob, dividida. Será que eu o veria novamente?
- Desculpa - ele sussurrou tão baixo que eu tive que ler os lábios dele pra entender. - Adeus,
Bells.
- Você prometeu - eu o lembrei desesperadamente. - Ainda amigos, certo?
Jacob balançou a cabeça lentamente, e o caroço na minha garganta praticamente me
estrangulou.
- Você sabe o quanto eu dei duro pra manter essa promessa, mas... Eu não consigo ver
como poderei continuar tentando. Não agora...
Ele lutou pra manter sua máscara dura no lugar, mas ela vacilou, e depois desapareceu. -
Sinto sua falta - ele falou com os lábios. Uma das mãos dele avançou em minha direção, seus
longos dedos esticados, como se ele desejasse que eles fossem longos o suficiente pra cruzar a
distância entre nós.
- Eu também - eu botei pra fora. Minha mão se inclinou na direção dele no espaço largo.
Como se estivessemos conectados, o eco da dor dele se contorceu dentro de mim. A dor
dele, a minha dor.
- Jake... - eu dei um passo na direção dele. Eu queria passar os meus braços na cintura dele
e apagar a expressão de miséria do rosto dele.
Edward me puxou de novo, seus braços restringiam ao invés de defender.
- Está tudo bem - eu prometí pra ele, olhando pra ver seu rosto com confiança em meus
olhos. Ele entenderia.
Seus olhos eram ilegíveis, o rosto dele estava sem expressão. Frio. - Não, não está.
- Solte ela - Jacob rosnou, furioso de novo. - É o que ela quer! - ele deu dois longos passos á
frente. Um brilho de antecipação brilhou nos olhos dele. O peito dele parecia inchar enquanto se
tremia.
Edward me puxou pra trás dele, se virando pra enfrentar Jacob.
- Não! Edward!
- ISABELLA SWAN!
- Vamos! Charlie está com raiva! - minha voz estava cheia de pânico, mas agora não era por
causa de Charlie. - Rápido!
Eu puxei ele e ele relaxou um pouco. Ele me empurrou pra trás lentamente, sempre
mantendo os olhos em Jacob enquanto nos afastávamos.
Jacob nos encarou com um olhar negro de escárnio em seu rosto ácido. A antecipação havia
fugido do seu rosto, e então, pouco antes da floresta estar entre nós, o rosto dele de repente se
contorceu de dor.
Eu sabia que esse olhar breve para o rosto dele ia me perseguir até que eu visse ele sorrir
de novo.
E bem alí eu jurei que o veria sorrir de novo, e em breve. Eu ia dar um jeito de manter o
meu amigo.
Edward manteve seu braço apertado na minha cintura, me segurando perto. Essa foi a única
coisa que segurou as lágrimas dentro dos meus olhos.
Eu tinha sérios problemas.
Meu melhor amigo me contava com os seus inimigos.
Victória ainda estava á solta, colocando todos a quem eu amava em perigo.
Se eu não me tornasse uma vampira em breve, os Volturi me matariam.
E agora, parecia que se eu fizesse isso, os lobisomens Quileute fariam eles mesmos o
trabalho - além de tentar matar a minha futura família. Eu não achava que eles realmente
tivessem alguma chance, mas será que o meu melhor amigo podia ser morto na tentativa?
Problemas muito sérios. Então porque eles pareciam tão insignificantes quando nós saímos
das árvores eu eu ví a expressão no rosto roxo de Charlie?
Edward me apertou gentilmente. - Eu estou aqui.
Eu respirei profundamente.
Isso era verdade. Edward estava aqui, com os seus braços ao meu redor.
Eu podia enfrentar qualquer coisa contanto que isso fosse verdade.
Eu enquadrei meus ombros e caminhei em frente para encontrar com meu fado, com o meu
destino solidamente ao meu lado.

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