5 de abril de 2009

24. VOTAÇÃO


Ele não estava satisfeito, isso era fácil de ler no rosto dele. Mas, sem mais discussões, ele
me pegou nos braços e saltou levemente pela minha janela, aterrisando sem um sacudida sequer,
como um gato.
Era um pouco mais baixo do que eu imaginei que era.
- Tudo bem então - ele disse, sua voz transbordando desaprovação. - Sobe aí.
Ele me ajudou a subir em suas costas, e começou a correr.
Depois de todo esse tempo, já parecia rotina. Fácil. Evidentemente, isso era uma daquelas
coisas que nunca se esquece, como andar de bicicleta.
Estava muito quieto e escuro enquanto ele corria pela floresta, sua respiração lenta e
uniforme, escuro suficiente pra que as árvores passando por nós voando quase eram invisíveis, e
só a rajada de vento no meu rosto realmente indicava a nossa velocidade. O vento estava úmido;
ele não queimava meus olhos do jeito que o vento na grande praça fazia, e isso era reconfortante.
E por ser noite, também, depois da terrivel claridade. Assim como na grossa colcha na qual eu
brincava de me esconder quando era criança, o escuro era familiar e protetor.
Eu me lembrei que correr pela floresta costumava me assustar, que eu costumava ter que
fechar meus olhos. Agora isso parecia uma reação boba pra mim. Eu mantive os meus olhos
abertos, meu queixo descansando no ombro dele, minha bochecha no pescoço dele. A velocidade
era divertida. Cem vezes melhor que a moto.
Eu virei meu rosto na direção dele e pressionei meus lábios na pedra fria que era o pescoço
dele.
- Obrigado - ele disse, enquanto as vagas, sombras negras das árvores passavam por nós. -
Isso significa que você decidiu que está acordada?
Eu sorri. O som era fácil, natural, sem esforço. Parecia certo. - Na verdade não. De qualquer
forma, é mais que isso, eu não estou tentando acordar. Hoje não.
- Eu vou ganhar a sua confiança de volta de alguma forma - ele murmurou, mais pra sí
mesmo. - Nem que seja a última coisa que eu faça.
- Eu confio em você - eu assegurei ele. - É em mim que eu não confio.
- Explique isso, por favor.
Ele diminuiu até estar caminhando - eu só sabia a diferença porque o vento parou - e eu
imaginei que não estávamos longe da casa. De fato, eu achei que estava ouvindo o som do rio
correndo em algum lugar próximo na escuridão.
- Bem - eu lutei pra encontrar a melhor forma de colocar isso em palavras. - Eu não confio
em mim mesma pra ser... suficiente. Pra merecer você. Não há nada em mim que possa segurar
você.
Ele parou e se inclinou pra trás pra me tirar de suas costas. Suas mãos gentís não me
soltaram; depois que ele me colocou no chão de novo, ele me agarrou apertado em seus braços,
me segurando no peito.
- Seu laço é permanente e inquebrável - ele sussurrou. - Nunca duvide disso.
- Mas como eu podia não duvidar?
- Você nunca me disse... - ele murmurou.
- O que?
- Qual é o seu maior problema.
- Eu vou te dar uma dica. - Eu suspirei, e me inclinei pra tocar a ponta do nariz dele com o
meu dedo indicador.
Ele balançou a cabeça. - Eu sou pior que os Volturi - ele disse severamente. - Eu acho que
merecí isso.
Eu rolei meus olhos. – A pior coisa que os Volturi podem fazer é me matar.
Ele esperou com os olhos tensos.
- Você pode me deixar - eu expliquei. - Os Volturi, Victoria... eles não são nada comparados
a isso.
Mesmo na escuridão, eu pude ver a angústia contorcer o rosto dele - isso me lembrou a
expressão dele embaixo do olhar torturante de Jane; eu me sentí doente, e me arrependí de ter
falado a verdade.
- Não - eu sussurrei, tocando o rosto dele. - Não fique triste.
Ele puxou um dos cantos da boca pra cima meio sem vontade, mas a expressão não tocou
os olhos dele. - Se houve pelo menos uma forma de te fazer ver que eu não posso viver sem você
- ele cochichou. - Tempo, eu acho, é a única forma de te convencer.
Eu gostei da idéia de tempo. - Tudo bem - eu concordei.
O rosto dele ainda estava atormentado. Eu comecei a tentar distrair ele com coisas sem
importância.
- Então, já que você vai ficar. Será que posso ter as minhas coisas de volta?
Eu perguntei, fazendo o meu tom sair o mais leve que eu pude.
Minha tentativa funcionou, até certo ponto: ele riu. Mas os seus olhos retiveram a
infelicidade. - As suas coisas nunca foram embora - ele disse. - Eu sabia que era errado, já que eu
prometí te deixar em paz sem lembranças. Foi uma coisa estúpida e infantil, mas eu queria ter
alguma coisa minha com você. O CD, as fotos, as passagens - elas estão todas embaixo do seu
piso.
- Mesmo?
Ele balançou a cabeça, parecendo um pouco mais alegre com o meu óbvio prazer por esse
fato trivial. Isso não foi suficiente pra curar completamente a dor no rosto dele.
- Eu acho - eu disse lentamente, - Eu não tenho certeza, mas eu imagino... eu acho que
sabia disso o tempo inteiro.
- O que você sabia?
Eu só queria tirar a agonia dos olhos dele, mas enquanto eu falava as palavras, elas
pareceram mais verdadeiras do que eu esperava.
- Alguma parte de mim, meu subconsciente talvez, nunca deixou de acreditar que você se
importava com o fato de que eu vivia ou morria. Provavelmente era por isso que eu estava
ouvindo as vozes.
Houve um profundo silêncio por um momento.
- Vozes? - ele perguntou planamente.
- Bem, só uma voz. A sua. É uma longa história. - O olhar cauteloso nos olhos dele me fez
desejar não ter tocado no assunto. Será que ele ia pensar que eu estava louca, como todo
mundo? Será que todo mundo estava certo em relação a isso? Mas finalmente aquela expressão -
aquela que fazia parecer que ele estava se queimando - desapareceu.
- Eu tenho tempo - a voz dele estava desnaturalmente uniforme.
- É bem patético.
Ele esperou.
Eu não tinha certeza de como explicar. - Você se lembra do que Alice te disse sobre esportes
radicais?
Ele falou as palavras sem reflexões ou ênfase. - Você pulou de um penhasco pra se divertir.
- Er, certo. E antes disso com a moto...
- Moto? - ele perguntou. Eu conhecia a voz dele o suficiente pra saber que havia alguma
coisa brotando por baixo da calma.
- Eu acho que não disse a Alice sobre essa parte.
- Não.
- Bem, sobre isso... Veja, eu descobrí que... quando eu estava fazendo alguma coisa
perigosa ou estúpida... eu conseguia me lembrar de você mais claramente - eu confessei, me
sentindo completamente maluca. - Eu conseguia me lembrar do som da sua voz quando estava
com raiva. Eu podia ouví-la, como se você estivesse bem ao meu lado. Na maior parte do tempo
eu tentava não pensar em você, mas isso não me machucava tanto, era como se você estivesse
me protegendo de novo. Como se você não quisesse que eu me machucasse. E, bem, eu me
pergunto se a razão pela qual eu podia te ouvir tão claramente era porque, por baixo disso tudo,
eu sempre soube que não havia parado de me amar.
De novo, enquanto eu falava, as palavras trouxeram com elas um senso de convicção. Ou de
certeza. Algum espaço profundo dentro de mim reconheceu a verdade.
As palavras dele saíram meio estranguladas. - Você... estava... arriscando a sua vida... pra
ouvir...
- Shh - eu interrompí ele. - Espere um segundo. Eu acho que estou tendo uma epifânia aqui.
Eu pensei naquela primeira noite em Port Angeles quando eu tive a minha primeira ilusão.
Eu havia inventado duas opções. Eu não havia visto uma terceira opção.
Mas e se...
E se você acreditasse sinceramente que uma coisa é verdade, mas estivesse mortalmente
errado? E se você estivesse tão teimosamente certo de que tinha razão, que você nem podia
considerar a verdade? Será que a verdade seria silenciada, ou ela se faria enxergar?
Opção três: Edward me amava. O laço que havia entre nós não era uma coisa que podia ser
quebrado pela ausência, distância, ou tempo. E não importava o quanto ele pudesse ser mais
especial ou lindo ou brilhante ou perfeito que eu, ele estava tão irreversívelmente alterado quanto
eu. Assim como eu sempre pertenceria a ele, ele também seria sempre meu.
Era isso que eu estava tentando dizer pra mim mesma?
- Oh!
- Bella?
- Oh. Tudo bem. Eu entendo.
- Sua epifânia? - ele perguntou, sua voz desigual e tensa.
- Você me ama - eu disse maravilhada.
O senso de convicção e impermeabilidade passou por mim novamente.
Apesar dos olhos dele ainda estarem ansiosos, ele deu o sorriso torto que eu mais amava. -
Sinceramente, eu amo.
Meu coração inflou como se fosse explodir entre as minhas costelas. Ele encheu meu peito e
bloqueou minha garganta até que eu não pudesse falar.
Ele realmente me queria do jeito como eu queria ele - pra sempre. Era só medo pela minha
alma, pelas coisas humanas que ele não queria tirar de mim, que o tornavam tão desesperado pra
me manter mortal. Comparado ao medo de que ele não me quisesse, essa barreira - minha alma -
parecia quase insignificante.
Ele pegou o meu rosto apertado entre as suas mãos geladas e me beijou até que eu
estivesse tão tonta que a floresta estava girando. Então ele encostou a sua testa na minha, e eu
não era a única respirando com mais força que o normal.
- Você foi melhor nisso que eu, sabe? - ele me disse.
- Melhor em que?
- Sobreviver. Você, pelo menos, fez um esforço. Você se acordava de manhã, tentava ser
normal pra Charlie, seguia um padrão para a sua vida. Quando eu não estava ativamente
perseguindo, eu era... complemante inútil. Eu não conseguia ficar perto da minha família, eu não
conseguia ficar perto de ninguém. Eu tenho vergonha de admitir que eu mais ou menos me curvei
em uma bola e deixei a infelicidade me levar embora. - Ele sorriu, envergonhado. - Isso foi muito
mais patético do que ouvir vozes. E, é claro, você sabe disso, também.
Eu estava profundamente aliviada por ele parecer entender - confortada de que isso fazia
sentido pra ele. De qualquer forma, ele não estava olhando pra mim como se eu fosse uma louca.
Ele estava olhando pra mim como... se me amasse.
- Eu só ouví uma voz - eu corrigi ele.
Ele riu e então me puxou bem apertado para o seu lado direito e começou a me guiar para a
frente.
- Eu só estou brincando com isso - ele fez um gesto largo na escuridão enquanto nós
caminhávamos. Havia alguma coisa pálida e imensa lá, a casa, eu me dei conta.
- Não importa nem um pouco o que eles disserem.
- Agora isso afeta eles também.
Ele levantou os ombros indiferentemente.
Ele me guiou pela porta da frente aberta pra dentro da casa escura e ligou as luzes.
A sala era exatamente como eu me lembrava - o piano e os sofás brancos e a escada pálida,
gigante. Nada de poeira, nada de lençóis brancos.
Edward chamou os nomes com o mesmo volume que usaria numa conversa normal.
- Carlisle? Esme? Rosalie? Emmett? Jasper? Alice? - eles ouviriam.
Carlisle estava em pé ao meu lado de repente, como se ele tivesse estado lá o tempo inteiro.
- Bem vinda de volta, Bella - ele sorriu. - O que podemos fazer por você essa manhã? Eu imagino,
pela hora, que essa não é uma visita puramente social.
Eu balancei a cabeça. - Eu gostaria de falar com todos de uma só vez, se estiver tudo bem.
Sobre uma coisa importante.
Eu não consegui evitar olhar para o rosto de Edward enquanto falava. A expressão dele
estava crítica. Quando eu olhei de volta pra Carlisle, ele estava olhando pra Edward também.
- É claro - Carlisle disse. - Porque não falamos na outra sala?
Carlisle guiou o caminho pela sala de estar clara, e pela curva para a sala de jantar, ligando
as luzes enquanto passava. As paredes eram brancas, o teto era alto, como na sala de estar. No
centro da sala, embaixo do candelabro baixo, havia uma grande mesa polida, oval cercada por oito
cadeiras. Carlisle segurou uma cadeira pra mim na ponta.
Eu nunca havia visto os Cullen usando a sala de jantar antes - era só um adereço. Eles não
comiam na casa.
Assim que eu me virei pra sentar na cadeira, eu ví que não estávamos mais sozinhos. Esme
havia seguido Edward e o resto da familia enchia a sala atrás dela.
Carlisle se sentou á minha direita, e Edward á minha esquerda. Todos os outros se sentaram
silenciosamente. Alice estava sorrindo pra mim, já a par de tudo. Emmett e Jasper pareciam
curiosos, e Rosalie sorria pra mim tentadoramente. Meu sorriso de resposta foi tão tímido quanto o
dela. Ia levar um tempo pra me acostumar com isso.
Carlisle acenou a cabeça na minha direção. - O palco é seu.
Eu engolí seco. Os olhares deles me deixaram nervosa. Edward pegou a minha mão por
debaixo da mesa. Eu olhei pra ele, mas ele estava olhando para os outros, seu rosto estava feroz
de repente.
- Bem - eu pausei. - Eu espero que Alice já tenha lhes contado tudo o que aconteceu em
Volterra?
- Tudo - Alice me assegurou.
Eu joguei um olhar significativo pra ela. - E na ida.
- Isso também - ela balançou a cabeça.
- Bom - eu suspirei aliviada. - Então estamos todos na mesma página.
Eles esperaram pacientemente enquanto eu tentava ordenar meus pensamentos.
- Então, eu tenho um problema - eu comecei. - Alice prometeu aos Volturi que eu me
tornaria uma de vocês. Eles vão mandar alguém pra checar, e eu tenho certeza de que isso é uma
coisa ruim, uma coisa pra ser evitada. E então, agora, isso envolve vocês todos. Eu lamento por
isso. - Eu olhei pra cada um dos seus rostos lindos, deixando o mais lindo por último. A boca de
Edward estava virada pra baixo em uma careta. - Mas se vocês não me quiserem, então eu não
vou me forçar pra vocês, esteja Alice querendo ou não.
Esme abriu sua boca pra falar, mas eu ergui um dedo pra pará-la.
- Por favor, me deixe terminar. Todos vocês sabem o que eu quero. E eu tenho certeza de
que também sabem o que Edward quer. Eu acho que a única maneira justa de decidir é por uma
votação. Se vocês decidirem que não me querem, então... eu acho que vou para a Itália sozinha.
Eu não posso deixar que eles venham até aqui - Minha testa se enrugou enquanto eu considerei
isso.
Houve o fraco estrondo de um rosnado no peito de Edward. Eu o ignorei.
- Levando isso em conta, então, que eu não vou colocá-los em perigo de nenhuma das
formas, eu quero que vocês votem sim ou não no caso de eu me tornar uma vampira.
Eu dei um meio sorriso na última palavra, e fiz um gesto na direção de Carlisle pra que ele
começasse.
- Só um minuto - Edward interrompeu.
Eu o encarei com os olhos apertados.
- Eu tenho algo a adicionar antes de votarmos.
Eu suspirei.
- Sobre o perigo ao qual Bella está se referindo - ele continuou. - Eu não acho que
precisamos ser exageradamente ansiosos.
A expressão dele ficou mais animada. Ele colocou a mão livre em cima da mesa brilhante e
se inclinou para a frente.
- Vejam - ele explicou, olhando ao redor da mesa enquanto falava, - havia mais de uma
razão pra eu não ter apertado a mão de Aro lá no final. Há uma coisa na qual eles não pensaram,
e eu não queria precavê-los disso. - Ele sorriu.
- Que era? - Alice estimulou. Eu tinha certeza de que a minha expressão era tão cética como
a dela.
- Os Volturi são super confiantes, e com uma boa razão. Quando eles decidem encontrar
alguém, isso não é realmente um problema. Lembra de Demetri? - Ele olhou pra mim agora.
Eu levantei os ombros. Ele considerou isso um sim.
- Ele encontra pessoas, esse é o seu talento, por isso eles o mantêm. Agora, durante todo o
tempo em que eu estive com cada um deles, eu estava vasculhando no cérebro deles por qualquer
coisa que pudesse nos salvar, eu estava pegando toda a informação que fosse possível. Então eu
ví como o talento de Demetri funciona. Ele é um perseguidor, um perseguidor mil vezes mais
talentoso que James era. A habilidade dele é levemente relacionada á minha, ou o que Aro faz. Ele
capta... o gosto? Eu não sei como descrever isso... o tenor... da mente de alguém, e depois ele a
segue. Isso funciona a distâncias imensas. Mas depois do pequeno experimento de Aro, bem... -
Edward levantou os ombros.
- Você acha que ele não será capaz de me encontrar - eu disse planamente.
Ele estava presumido. - Eu tenho certeza disso. Ele se baseia completamente nesse sentido.
Quando ele não funcionar com você, eles estarão todos cegos.
- E como isso resolve alguma coisa?
- Obviamente, Alice será capaz de dizer quando eles estiverem planejando uma visita, e eu
vou te esconder - ele disse profundamente agradado. - Será como procurar uma agulha num
palheiro.
Ele e Emmett trocaram um olhar e um sorriso.
Isso não fazia nenhum sentido. - Mas eles podem encontrar você - eu o lembrei.
- E eu posso cuidar de mim mesmo.
Emmett riu e se inclinou por cima da mesa na direção do irmão, estendendo o pulso.
- Excelente plano, meu irmão - ele disse com entusiasmo.
Edward esticou o braço pra bater o pulso de Emmett no seu.
- Não - Rosalie assobiou.
- Absolutamente não - eu concordei.
- Legal - a voz de Jasper estava apreciativa.
- Idiotas - Alice murmurou.
Esme encarou Edward.
Eu fiquei ereta na minha cadeira, me focando. Essa era a minha reunião.
- Tudo bem, então. Edward ofereceu uma alternativa pra vocês considerarem - eu disse
friamente. - Vamos votar.
Eu olhei na direção de Edward dessa vez; seria melhor tirar a opinião dele do caminho. -
Você quer que eu me junte á sua família?
Os olhos dele estavam duros e pretos como asfalto. - Não dessa maneira. Você fica humana.
Eu balancei a cabeça uma vez, mantendo o meu rosto profissional, e depois continuei.
- Alice?
- Sim.
- Jasper?
- Sim - ele disse, com a voz grave. Eu fiquei um pouco surpresa, eu não tinha nem um
pouco de certeza do seu voto, mas eu suprimi minha reação e segui adiante.
- Rosalie?
Ela hesitou, mordendo o seu lábio inferior cheio, perfeito. - Não.
Eu mantive meu rosto vazio e virei minha cabeça um pouco pra continuar, mas ela levantou
as duas mãos, com as palmas pra frente.
- Deixe-me explicar - ela implorou. - Eu não estou querendo dizer que tenho aversões a ter
você como irmã. É só que... essa não é a vida que eu teria escolhido pra mim. Eu queria que
houvesse alguém pra ter votado não pra mim.
Eu balancei a cabeça lentamente, e depois me virei pra Emmett.
- Que inferno, sim! - ele abriu um sorriso largo. - A gente pode arrumar um outro jeito de
arrumar briga com esse Demetri.
Eu ainda estava fazendo uma careta por isso quando me virei pra Esme.
- Sim, é claro, Bella. Eu já penso em você como parte da minha família.
- Obrigada, Esme - eu sussurrei enquanto me virava direção de Carlisle.
Eu fiquei nervosa de repente, desejando ter pedido pelo voto dele antes. Eu tinha certeza de
que esse era o voto que importava mais, o voto que contava mais que a maioria.
Carlisle não estava olhando pra mim.
- Edward - ele disse.
- Não - Edward rosnou. A mandíbula dele estava muito apertada, seus lábios curvados na
frente dos seus dentes.
- É o único jeito disso fazer sentido - Carlisle insistiu. - Você escolheu não viver sem ela, e
isso não me deixa outra escolha.
Edward soltou a minha mão, saindo da mesa com presa. Ele marchou pra fora da sala,
rosnando por baixo do fôlego.
- Eu acho que você sabe o meu voto. - Carlisle suspirou.
Eu ainda estava olhando pra Edward. – Obrigada - eu murmurei.
Um barulho alto de alguma coisa se quebrando ecoou da outra sala.
Eu enrijeci e falei rapidamente. - Isso era tudo o que eu precisava. Obrigada. Me quererem.
Eu me sinto exatamente da mesma forma por todos vocês também. - Minha voz estava
embargada de emoção no final.
Esme estava do meu lado num flash, os seus braços frios ao meu redor.
- Querida Bella - ela respirou.
Eu a abracei de volta. Pelo canto do meu olho, eu notei Rosalie olhando pra baixo para a
mesa, e eu me dei conta de que as minhas palavras podiam ser interpretadas de duas formas.
- Bem, Alice - eu disse quando Esme me soltou. - Onde você quer fazer isso?
Alice me encarou, seus olhos estavam arregalados de terror.
- Não! Não! NÃO! - Edward rugiu, entrando na sala de novo. Ele estava na minha cara antes
que eu pudesse piscar, se inclinando sobre mim, sua expressão contorcida com raiva. - Você está
louca? - ele gritou. - Você perdeu completamente a cabeça?
Eu me afastei, com as mãos nos ouvidos.
- Umm, Bella - Alice se intrometeu com uma voz ansiosa. - Eu não acho que estou pronta
pra isso. Eu vou precisar me preparar...
- Você prometeu - eu a lembrei, olhando por baixo do braço de Edward.
- Eu sei, mas... Sério, Bella! Eu não faço idéia de como não matar você.
- Você pode fazer isso - eu encorajei. - Eu confio em você.
Edward rosnou furioso.
Alice balançou a cabeça rapidamente, parecendo em pânico.
- Carlisle? - eu me virei pra olhar pra ele.
Edward agarrou meu rosto com a mão, me forçando a olhar pra ele. A outra mão dele
estava levantada, com a palma levantada pra Carlisle.
Carlisle ignorou isso. - Eu posso fazer isso - ele respondeu minha pergunta. Eu desejei poder
ver a expressão dele. - Você não correr nenhum risco de que eu perca o controle.
- Parece bom. - Eu esperava que ele tivesse entendido; era difícil falar claramente enquanto
Edward segurava a minha mandíbula.
- Espere - Edward disse por entre os dentes. - Não precisa ser agora.
- Não há razão pra não ser agora - eu disse, as palavras saindo em desordem.
- Eu estou pensando em algumas.
- É claro que está - eu disse acidamente. - Agora me solte.
Ele libertou meu braço e cruzou os braços no peito. - Em cerca de duas horas, Charlie vai
estar aqui procurando por você. Eu não duvidaria que ele chamasse a polícia.
- Os três deles - eu fiz uma carranca.
Essa sempre era a parte mais difícil. Charlie, Renée. E agora Jacob também. As pessoas que
eu perderia as pessoas que eu ia machucar. Eu queria que houvesse uma forma de eu ser a única
a sofrer, mas eu sabia que isso seria impossível.
Ao mesmo tempo, eu estava os magoando mais permanecendo humana. Colocando Charlie
em perigo constante com a minha aproximação. Colocando Jake em mais perigo ainda por trazer
os inimigos dele ás terras que ele deve proteger. E Renée - eu nunca podia me arriscar a visitar a
minha mãe por medo de trazer problemas mortais comigo!
Eu era um imã de perigo; eu já tinha aceitado isso sobre mim mesma.
Aceitando isso, eu sabia que teria de ser capaz de cuidar de mim mesma e proteger as
pessoas que eu amava, mesmo que isso significasse que eu não poderia estar com eles. Eu
precisava ser forte.
- No interesse de permanecer acima de qualquer suspeita - Edward disse, ainda através dos
dentes trincados, mas olhando pra Carlisle agora. - Eu sugiro que ponhamos um fim a essa
conversa, pelo menos até que Bella termine o segundo grau, e saia da casa de Charlie.
- Esse é um pedido razoável, Bella - Carlisle apontou.
Eu pensei na reação de Charlie quando acordasse essa manhã, se - depois do que ele teve
que agüentar depois da perda de Harry, e depois eu tivesse que fazê-lo passar pelo meu
desaparecimento inexplicável - ele encontrasse minha cama vazia.
Charlie merecia mais que isso. Era só um pouco mais de tempo; a formatura não estava tão
longe...
Eu torci meus lábios. - Eu vou considerar isso.
Edward relaxou. A mandíbula dele se desprendeu.
- Eu provavelmente devia te levar pra casa - ele disse, mais calmo agora, mas claramente
com pressa de me tirar daqui. - Só no caso de Charlie acordar mais cedo.
Eu olhei pra Carlisle. - Depois da formatura?
- Você tem minha palavra.
Eu respirei fundo, sorri, e me virei de volta pra Edward. - Tudo bem. Você pode me levar pra
casa.
Edward se apressou pra me tirar da casa antes que Carlisle pudesse me prometer mais
alguma coisa. Ele me levou pelos fundos, pra que assim eu não pudesse ver o que ele havia
quebrado na sala de estar.
A viagem pra casa foi quieta. Eu estava me sentindo triunfante, e um pouco presumida.
Rígida de medo, também, é claro, mas eu tentei não pensar nessa parte. Não me fazia nenhum
bem pensar na dor - a física ou a emocional - então eu não pensaria. Não até que eu tivesse que
pensar.
Quando nós chegamos à minha casa, Edward não parou. Ele correu parede acima e entrou
pela minha janela em meio segundo. Então ele tirou meus braços do seu pescoço e me colocou na
cama.
Eu pensei que fazia uma bela idéia do que ela estava pensando, mas a sua expressão me
surpreendeu. Ao invés de furiosa, a expressão dele estava calculista. Ele andou silenciosamente
pra frente e pra trás pelo meu quarto escuro enquanto eu o observava com crescente suspeita.
- O que quer que seja que você estiver planejando, não vai funcionar - eu disse pra ele.
- Shh. Eu estou pensando.
- Ugh - eu gemi, me jogando na cama e colocando a colcha por cima da minha cabeça.
Não houve nenhum som, mas de repente ele estava lá. Ele tirou a coberta de cima pra poder
me ver. Ele estava deitado ao meu lado. A mão dele se aproximou pra alisar a minha bochecha.
- Se você não se importar, eu preferiria que você não escondesse o seu rosto. Eu já vivi sem
ele pelo máximo de tempo que eu consigo agüentar. Agora... diga-me uma coisa.
- O que? - eu perguntei sem vontade.
- Se você pudesse pedir por qualquer coisa nesse mundo, qualquer coisa, o que seria?
Eu sentí o ceticísmo nos meus olhos. - Você.
Ele balançou a cabeça impaciente. - Alguma coisa que você ainda não tenha.
Eu não tinha certeza de onde ele estava planejando me levar, então eu pensei
cuidadosamente antes de responder. Eu pensei em uma coisa que não só era verdade, como
também provavelmente impossível.
- Eu ia querer... Que Carlisle não tivesse que fazer isso. Eu iria querer que você me
transformasse.
Eu observei a reação dele cautelosamente, esperando mais da fúria que eu havia visto na
casa dele. Eu fiquei surpresa que a expressão dele não mudou. Ele ainda estava calculista,
pensativo.
- O que você estaria a fim de trocar por isso?
Eu não conseguia acreditar em meus ouvidos. Eu olhei para o seu rosto composto e soltei a
resposta antes que pudesse pensar nela.
- Qualquer coisa.
Ele sorriu fracamente, e depois torceu os lábios. - Cinco anos?
Meu rosto se contorceu em uma expressão que era uma mistura de pesar e horror.
- Você disse qualquer coisa - ele me lembrou.
- Sim, mas... você vai usar o tempo pra encontrar uma maneira de se livrar disso. Eu tenho
que bater enquanto o ferro está quente. Além do mais, é perigoso demais que eu permaneça
humana, pra mim, pelo menos. Então, qualquer coisa menos isso.
Ele fez uma carranca. - Três anos?
- Não!
- Será que isso vale alguma coisa pra você?
Eu pensei no quanto eu queria isso. Melhor manter uma testa de ferro, eu decidi, e não
deixar ele saber o quanto eu queria isso.
Isso ia me dar mais tempo pra ter influencia. - Seis meses?
Ele rolou os olhos. - Não é bom o suficiente.
- Um ano, então - eu disse. - Esse é o meu limite.
- Pelo menos me dê dois.
- De jeito nenhum. De dezenove eu passo. Mas eu não vou chegar nem perto dos vinte. Se
você vai ficar na adolescência pra sempre, então eu também vou.
Ele pensou por um minuto. - Tudo bem. Esqueça os limites de tempo. Se você quer que eu
faça isso, então você só vai ter que aceitar uma condição.
- Condição? - minha voz ficou vazia. - Que condição?
Seus olhos estavam cuidadosos, ele falou lentamente. - Case comigo primeiro.
Eu olhei pra ele, esperando... - Tudo bem. Qual é o truque?
Ele suspirou. - Você está ferindo o meu ego, Bella. Eu acabei de te pedir em casamento, e
você acha que eu estou fazendo piada.
- Edward, por favor fale sério.
- Eu estou sendo cem por cento sério. - Ele me encarou sem uma ponta de humor no rosto.
- Oh, vamos - eu disse, uma ponta de histeria na minha voz. - Eu só tenho dezoito.
- Bem, eu já tenho quase cento e dez. Está na hora de me ajeitar.
Eu desviei o olhar, para a janela escura, tentando controlar o meu pânico antes que ele me
denunciasse.
- Olha, casamento não está exatamente no topo da minha lista de prioridades, sabe? Isso foi
meio que o beijo da morte pra Renée e Charlie.
- Interessante escolha de palavras.
- Você sabe do que eu estou falando.
Ele inalou profundamente. - Por favor não me diga que você tem medo de compromisso - a
voz dele estava descrente, e eu entendi do que ele estava falando.
- Não é exatamente isso - eu cerquei. - Eu... estou com medo de Renée. Ela realmente tem
umas opiniões interessantes sobre se casar antes dos trinta.
- Porque ela preferiria que você se tornasse um dos eternos condenados do que te ver se
casar. - Ele sorriu obscuramente.
- Você acha que está fazendo piada.
- Bella, se você considerar o nível de comprometimento entre uma união matrimonial e a
barganha de trocar a sua alma por uma eternidade como vampira... - ele balançou a cabeça. - Se
você não é corajosa o suficiente pra se casar comigo, então...
- Bem - eu interrompi. - E se eu fizesse isso? E se eu te disse pra me levar pra Las Vegas
agora? E seria uma vampira em três dias?
Ele sorriu, seus dentes estavam brilhando na escuridão. - Claro - ele disse, pagando pra ver.
- Eu vou pegar o meu carro.
- Droga - eu murmurei. - Eu te dou dezoito meses.
- Sem acordo - ele sorriu. - Eu gosto dessa condição.
- Tudo bem. Eu peço pra Carlisle fazer isso quando eu me formar.
- Se é realmente isso que você quer - ele levantou os ombros, e o seu sorriso ficou
absolutamente angelical.
- Você é impossível - eu rosnei. - Um monstro.
Ele gargalhou. - É por isso que você não vai se casar comigo?
Ele se inclinou na minha direção; seus olhos escuros como a noite se derreteram e
queimaram e danificaram a minha concentração. - Por favor? Bella? - ele respirou.
Eu me esqueci de como respirar por um momento. Quando eu me recuperei, eu balancei a
minha cabeça rapidamente, tentando limpar a minha cabeça subitamente nublada.
- Será que isso teria funcionado melhor se eu tivesse tempo de arrumar um anel?
- Não! Nada de anéis! - eu quase gritei.
- Agora você conseguiu - ele cochichou.
- Oops.
- Charlie está se levantando; é melhor eu ir embora - Edward disse com resignação.
Meu coração parou de bater.
Ele estudou a minha expressão por um segundo. - Seria infantil da minha parte me esconder
no seu armário, então?
- Não - eu sussurrei ansiosamente. - Fique. Por favor.
Edward sorriu e desapareceu.
Eu me sentei na escuridão enquanto esperava Charlie vie me checar. Edward sabia
exatamente o que ele estava fazendo, e eu era capaz de apostar que toda a surpresa fazia parte
da trama. É claro, eu ainda tinha a opção de Carlisle, mas agora que eu sabia que havia uma
chance do próprio Edward me mudar, eu queria muito isso. Ele era um trapaceiro.
Minha porta se abriu.
- Bom dia, pai.
- Oh, oi, Bella - Ele parecia envergonhado por ter sido pego no flagra. - Eu não sabia que
você estava acordada.
- É. Eu só estava esperando você se levantar pra ir tomar um banho - eu comecei a me
levantar.
- Espera - Charlie disse, ligando a luz. Eu pisquei por causa da claridade repentina, e
cuidadosamente mantive os meus olhos longe do armário. - Vamos conversar por uns minutos
primeiro.
Eu não consegui controlar a minha careta. Eu havia esquecido de pedir uma boa desculpa á
Alice.
- Você está com problemas.
- É, eu sei.
- Eu estava a ponto de enlouquecer nesses três dias. Eu volto pra casa do funeral de Harry,
e você está desaparecida. Jacob me disse que você havia fugido com Alice Cullen, e que ele
pensava que vocês estavam com problemas. Você não me deixou um número, e não me ligou. Eu
não sabia quando, ou se, você ia voltar. Você tem alguma idéia de como... como... - Ele não
conseguiu terminar a frase. Ele sugou o ar profundamente e continuou. - Será que você pode me
dar uma boa razão pra eu não te mandar pra Jacksonville nesse segundo?
Meus olhos se estreitaram. Então iam ser ameaças, não é? Um jogo que dois podem jogar.
Eu me sentei, colocando a colcha ao meu redor. - Porque eu não vou.
- Agora só um minuto, jovenzinha...
- Olha, pai, eu aceito completamente a responsabilidade pelas minhas ações, e você pode
me castigar por quanto tempo você quiser. Eu também farei todas as tarefas e vou lavar as roupas
e os pratos até que você pense que eu aprendi a lição. E eu acho que você está no seu direito se
você quiser me botar pra fora também - mas isso não vai me fazer ir para a Flórida.
O rosto dele ficou vermelho brilhante. Ele respirou fundo algumas vezes antes de responder.
- Você gostaria de explicar onde esteve ?
Oh, droga. - Houve uma... emergência.
As sobrancelhas dele se ergueram de expectativa pela minha brilhante explicação.
Eu enchi as minhas bochechas de ar e depois coloquei o ar pra fora fazendo barulho.
- Eu não sei o que te dizer, pai. Foi em grande parte um grande mal entendido. Ele disse, ela
disse. Saiu do controle.
Ele esperou com uma expressão desconfiada.
- Veja, Alice contou a Rosalie que eu havia pulado do penhasco... - eu estava lutando
freneticamente pra fazer isso funcionar, pra fazer isso ficar o mais perto da verdade possível para
que assim a minha habilidade com mentiras não minasse a desculpa, mas antes que eu pudesse
continuar a expressão de Charlie me lembrou de que eu não havia contado a ele sobre o
penhasco.
Super oops. Como se eu já não estivesse frita.
- Eu acho que não te contei sobre isso - eu botei pra fora. - Não foi nada. Só me divertindo,
nadando com Jake. De qualquer forma, Rosalie contou pra Edward e ele ficou chateado. Ela meio
que acidentalmente fez parecer que eu estava tentando me matar ou alguma coisa assim. Ele não
atendia ao telefone, então Alice me arrastou pra..., Los Angeles, pra explicar pessoalmente - eu
levantei os ombros, esperando desesperadamente que ele não ficasse distraído o sufíciente com o
meu errinho ao ponto de perder a explicação brilhante que eu havia dado.
O rosto de Charlie estava congelado. - Você estava tentando se matar, Bella?
- Não, é claro que não. Só me divertindo com Jake. Mergulho dos penhascos. Os garotos de
La Push fazem isso o tempo inteiro. Como eu disse, não foi nada.
O rosto de Charlie se esquentou, de congelado á quente de fúria. - Qual é a de Edward
Cullen, afinal? - ele latiu. - Todo esse tempo, ele te deixou na mão sem uma palavra...
Eu interrompí ele. - Outro mal entendido.
Ele ficou vermelho de novo. - Ele está de volta então?
- Eu não tenho certeza de qual é o plano. Eu acho que eles todos voltaram.
Ele balançou a cabeça, a veia da testa dele estava pulsando. - Eu quero que você fique
longe dele, Bella. Eu não confio nele. Ele é ruim pra você. E não vou deixar ele fazer aquilo com
você de novo.
- Tudo bem - eu disse curtamente.
Charlie se balançou nos calcanhares. - Oh. - Ele andou por um segundo, exalando alto com a
surpresa. - Eu pensei que você fosse ser difícil.
- Eu vou - eu o encarei diretamente nos olhos. - Eu quis dizer 'Tudo bem, eu me mudo'.
Seus olhos se arregalaram; o rosto dele ficou ruivo. Minha resolução ficou balançada
enquanto eu comecei a me preocupar com a saúde dele. Ele não era mais jovem que Harry...
- Pai, eu não quero me mudar - eu disse em um tom mais suave. - Eu amo você. Eu sei que
você está preocupado, mas você vai precisar confiar em mim nisso. Você vai ter que facilitar pra
Edward se quiser que eu fique. Você quer que eu viva aqui ou não?
- Isso não é justo, Bella. Você sabe que eu quero que você fique.
- Então seja legal com Edward, porque ele vai estar onde eu estiver - eu disse com
confiança. A confiança da minha epifânia ainda era forte.
- Não embaixo do meu teto - Charlie trovejou.
Eu dei um suspiro profundo. - Olha, eu não vou dar mais nenhum ultimato essa noite, ou eu
acho que é manhã. Só pense nisso por alguns dias, tá legal? Mas tenha em mente que eu e
Edward somos uma espécie de pacote.
- Bella...
- Pense nisso - eu insisti. - E enquanto você está fazendo isso, será que você pode me dar
um pouco de privacidade? Eu realmente preciso de um banho.
O rosto de Charlie mudou para um estranho tom de roxo, mas ele saiu, batendo a porta
atrás dele. Eu ouvi ele pisando furiosamente nos degraus da escada.
Eu joguei minha colcha de lado, e Edward estava lá, sentado na cadeira de balanço como se
estivesse sentado lá durante a conversa inteira.
- Eu lamento por isso - eu sussurrei.
- Como se eu não merecesse coisa muito pior - ele murmurou. - Não comece nada com
Charlie por minha causa, por favor.
- Não se preocupe com isso - eu respirei enquanto juntava as minhas coisas do banheiro e
pegava uma muda de roupas limpas. - Eu vou fazer exatamente o que for necessário, e nada,
além disso. Ou será que você está querendo me dizer que eu não teria um lugar pra ir? - eu
arregalei os olhos com falso alarme.
- Você se mudaria pra uma casa cheia de vampiros?
- Esse provavelmente é o lugar mais seguro pra alguém como eu. Além do mais... - eu sorrí.
- Se Charlie me expulsar, então não há necessidade de esperar até a formatura, não é?
A mandíbula dele se apertou. - Tão ansiosa pela condenação eterna - ele murmurou.
- Você sabe que não acredita realmente nisso.
- Oh, não acredito? - ele fumaçou.
- Não. Não acredita.
Ele me encarou e começou a falar, mas eu cortei ele.
- Se você realmente acreditasse que perdeu sua alma, então quando eu te encontrei em
Volterra, você teria se dado conta imediatamente do que estava acontecendo, ao invés de pensar
que estávamos mortos juntos. Mas você não soube, você disse 'Incrível. Carlisle estava certo.' - eu
lembrei ele, triunfante. - Existe esperança em você, afinal.
Pela primeira vez, Edward ficou sem fala.
- Então vamos os dois ter esperança, certo? - eu sugeri. - Não que isso importe. Se você
ficar, eu não preciso do paraíso.
Ele se levantou lentamente, e veio colocar as suas mãos nos dois lados do meu rosto
enquanto olhava nos meus olhos. - Pra sempre - ele prometeu, ainda vacilante.
- Isso é tudo o que eu estou pedindo - eu disse, e me estiquei nos meus dedos do pé pra
poder pressionar os meus lábios nos dele.

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