4 de abril de 2009

23. A VERDADE



Eu tinha a sensação de que tinha estado dormindo por muito tempo - meu corpo estava
rígido, como se eu também não tivesse me mexido nenhuma vez. Minha mente estava confusa e
lenta; sonhos estranhos e coloridos - sonhos e pesadelos - rodavam vertiginosamente dentro da
minha cabeça. Eles eram tão vívidos. O horrível e o celestial, tudo misturado numa combinação
bizarra. Haviam uma impaciência aguda e medo, tudo parte de um frustrante sonho onde você
não consegue se mexer rápido o suficiente... E haviam muitos monstros, criaturas de olhos
vermelhos que eram mais horríveis do que a sua gentíl civilidade demonstrava. O sonho ainda
estava forte - eu até podia me lembrar dos nomes. Mas a parte mais forte, mais clara do sonho
não era a parte de terror. Era o anjo que estava mais claro.
Foi difícil deixá-lo ir e acordar. Esse sonho não queria ser jogado na vala dos meus sonhos
que eu costumava esquecer. Eu lutei contra isso enquanto a minha mente ficava mais alerta, me
focando na realidade. Eu não conseguia me lembrar de qual era o dia da semana, mas eu tinha
certeza de que Jacob ou a escola ou o trabalho ou alguma outra coisa estava esperando por mim.
Eu inalei profundamente, me perguntando como encararia outro dia.
Alguma coisa fria tocou a minha testa com a mais leve das pressões.
Eu apertei os meus olhos mais ainda. Eu ainda estava sonhando, parecia, e ele parecia ser
anormalmente real. Eu estava perto de acordar... a qualquer segundo agora, e ele iria embora.
Mas eu me dei conta de que era real demais, real demais pra ser bom pra mim. Os braços
de pedra que eu imaginei passando ao meu redor eram substanciais demais. Se eu deixasse isso ir
mais longe, eu ia me arrepender mais tarde. Com um suspiro resignado, eu abrí as minhas
pálpebras pra dispersar a ilusão.
- Oh! - eu asfixiei, e joguei meus pulsos em cima dos meus olhos.
Bem, claramente, eu tinha ido longe demais; deve ter sido um erro ter deixado a minha
imaginação ir tão longe.
Ok, então "deixar" era a palavra errada.
Eu havia forçado ela a sair de controle - eu havia praticamente perseguido as minhas
alucinações - e agora minha mente estava sem controle.
Eu levei menos de um segundo pra me dar conta de que, já eu realmente estava louca
agora, eu podia muito bem aproveitar as minhas ilusões enquanto elas eram agradáveis.
Eu abrí meus olhos de novo - e Edward ainda estava lá, seu rosto perfeito estava a apenas
alguns centímetros dos meus.
- Eu assustei você? - Sua voz baixa estava ansiosa. Isso era muito bom, sendo uma ilusão. O
rosto, a voz, o cheiro, tudo - era muito melhor do que me afogar. A linda invenção da minha
imaginação observou minhas expressões mudarem, alarmado. As íris dele estavam pretas como
piche, com manchas que pareciam sombras embaixo dos olhos. Isso me surpreendeu; as minhas
ilusões de Edward costumavam estar mais bem alimentadas.
Eu pisquei duas vezes, desesperadamente tentando me lembrar da última coisa que eu tinha
certeza que era real. Alice era parte do meu sonho, e eu me perguntei se ela realmente havia
voltado, ou se isso era só sonambulismo. Eu pensei que ela havia voltado no dia em, que eu quase
me afoguei...
- Oh, droga - eu esganicei. Minha garganta estava grossa pelo sono.
- Qual é o problema, Bella?
Eu fiz uma carranca pra ele infeliz. O rosto dele estava ainda mais ansioso que antes.
- Eu tô morta, não tô? - eu gemí. - Eu me afoguei. Droga, droga, droga! Isso vai matar o
Charlie.
Edward fez uma carranca também. - Você não está morta.
- Então porque é que eu não tô acordando? - Eu desafiei, erguendo minhas sobrancelhas.
- Você está acordada, Bella.
Eu balancei minha cabeça. - Claro, claro. É isso que você quer que eu pense. E daí vai ser
pior quando eu me acordar. Se eu me acordar, o que eu não vou, porque eu estou morta. Isso é
horrível. Pobre Charlie. E Renée e Jake... - eu não conseguí falar de horror pelo que eu tinha feito.
- Eu consigo entender que você esteja me confundindo com um pesadelo - o meio sorriso
dele era severo. - Mas eu não consigo imaginar o que você possa ter feito pra ir para o inferno.
Você cometeu muitos assassinatos enquanto eu estava longe?
Eu fiz uma careta. - Obviamente não. Se eu estivesse no inferno você não estaria comigo.
Ele suspirou.
Minha cabeça estava ficando mais clara. Meus olhos se distanciaram do rosto dele - sem
vontade - por um segundo, para a janela escura, aberta, e depois de volta pra ele. Eu comecei a
me lembrar dos detalhes... eu sentí um calor fraco, estranho na pele das minhas bochechas
enquanto eu lentamente me dava conta de que Edward realmente, verdadeiramente estava aqui
comigo, e eu estava perdendo tempo sendo uma idiota.
- Aquilo tudo realmente aconteceu, então? - Era quase impossível pensar no meu sonhos
como sendo verdade. Eu não censeguia fazer a minha cabeça grudar nesse conceito.
- Isso depende - o sorriso de Edward ainda estava duro. - Se você está se referindo a nós
quase sendo massacrados na Itália, então, sim.
- Que estranho - eu meditei. - Eu realmente fui á Itália. Você sabia que o mais longe que eu
já fui foi á Albuquerque?
Ele revirou os olhos. - Talvez você devesse voltar a dormir. Você não está sendo coerente.
- Eu não estou mais cansada. Tudo estava vindo claramente agora. - Que horas são? Por
quanto tempo eu estive dormindo?
- É pouco mais de uma da manhã. Então, por umas catorze horas.
Eu me espreguicei enquanto ele falava. Eu estava tão rígida.
- Charlie? - eu perguntei.
Edward fez uma carranca. - Dormindo. Você provavelmente devia saber que eu estou
quebrando as regras agora. Bem, não tecnicamente, já que ele disse pra nunca mais passar pela
sua porta de novo, e eu vim pela janela... Mas, ainda assim, a intenção era clara.
- Charlie te baniu da casa? - Eu perguntei, com descrença que estava rapidamente se
transformando em fúria.
Seus olhos estavam tristes. - Você esperava outra coisa?
Meus olhos estavam raivosos. Eu ia ter umas palavrinhas com o meu pai - talvez essa fosse
uma boa hora pra lembrá-lo de que eu já tinha idade legal pra morar sozinha. Isso não importava
muito, é claro, exceto no princípio. Logo em breve não haveriam motivos para proibições. Eu levei
minha mente para pensamentos não tão dolorosos.
- Qual é a história? - eu perguntei, genuinamente curiosa, mas também tentando
desesperadamente manter a conversa casual, pra me manter firmemente sob controle, pra que
assim eu não o assustasse com o pedido frenético, que estava se construíndo dentro de mim.
- O que você quer dizer?
- O que eu vou dizer pra Charlie? Qual é a minha desculpa pra ter desaparecido por... afinal,
por quanto tempo eu estive fora? - eu tentei contar as horas na minha cabeça.
- Só três dias - os olhos dele se apertaram, mas ele sorriu mais naturalmente dessa vez. - Na
verdade, eu estava esperando que você tivesse uma boa explicação. Eu não tenho nada.
Eu gemí. - Fabuloso.
- Bem, talvez Alice invente alguma coisa - ele ofereceu, tentando me confortar.
E eu estava confortada. Quem se importava com o que eu teria que lidar depois? Cada
segundo que ele estava aqui - tão perto, seu rosto sem falhas brilhando com a luz fraca do meu
relógio digital - era precioso e não podia ser desperdiçado.
- Então - eu comecei, escolhendo a pergunta menos importante, apesar de que ainda era
vitalmente interessante, pra começar. Eu estava seguramente entregue em casa, e ele podia
decidir ir embora a qualquer momento. Eu tinha que manter ele falando. Além do mais, esse
paraíso temporário não era inteiramente completo sem o som da voz dele. - O que você esteve
fazendo, até antes desses três dias?
O rosto dele se tornou hesitante por um instante. - Nada terrivelmente excitante.
- É claro que não - eu murmurei.
- Porque você está fazendo essa cara?
- Bem... - eu torcí os lábios, considerando. - Se você fosse, afinal, só um sonho, esse é
exatamente o tipo de coisa que você diria. Minha imaginação deve estar bagunçada.
Ele suspirou. - Se eu te contar, você finalmente vai acreditar que não está tendo um
pesadelo?
- Pesadelo! - eu repetí com escárnio. Ele esperou pela minha resposta. - Talvez - eu disse
depois de um segundo de pensamento. - Se você me contar.
- Eu estava... caçando.
- Isso é o melhor que você pode fazer? - eu critiquei. - Isso definitivamente não prova que
eu estou acordada.
Ele hesitou, e depois falou lentamente, escolhendo as palavras com cuidado. - Eu não estava
caçando comida... Na verdade eu estava testando a minha sorte em... perseguir. Mas eu não sou
muito bom nisso.
- O que é que você estava perseguindo? - eu perguntei, intrigada.
- Nada de consequencia. - As palavras dele não combinavam com a sua expressão; ele
parecia aborrecido, desconfortável.
- Eu não entendo.
Ele hesitou; seu rosto, brilhando com uma estranha luz verde do relógio, estava dividido.
- Eu... - ele respirou fundo. - Eu te devo desculpas. Não, é claro que eu te devo muito, muito
mais do que isso. Mas você precisa saber... - as palavras começaram a fluir rapidamente, do jeito
que eu lembrava que ele falava as vezes quando ficava agitado, e eu tive que realmente me
concentrar pra entender todas elas - que eu não fazia idéia. Eu não tinha idéia da confusão que
estava deixando pra trás. Eu pensei que fosse seguro pra você aqui. Tão seguro. Eu não tinha
idéia de que Victória - os lábios dele se curvaram quando ele disse o nome - ia voltar. Eu vou
admitir, quando eu ví ela daquela última vez, eu estava prestando muito mais atenção aos
pensamentos de James. Mas eu não ví que ela seria capaz de responder dessa forma. Que ela
tinha um laço tão forte com ele. Eu acho que agora me dou conta do porque, ela tinha tanta
confiança nele, que o pensamento dele falhar nunca ocorreu a ela. Era a grande confiança que
nublava os sentimentos dela por ele, isso evitou que eu visse a profundidade deles, o vínculo que
havia alí. Não que isso seja uma desculpa para o que eu te deixei enfrentar. Quando eu ouví o que
você disse a Alice, e o que ela mesma viu, quando eu me dei conta de que você teve que colocar a
sua vida na mão daqueles lobisomens, imaturos, voláteis, a única coisa que podia ser pior do que
a própria Victória - ele estremeceu e parou o dilúvio de palavras por um curto segundo. - Por favor
saiba que eu não tinha nenhuma idéia de tudo isso. Eu me sinto doente, com toda a minha
essencia, mesmo agora, quando eu posso ver e sentir você segura nos meus braços. Eu sou a
desculpa mais miserável por...
- Pare - eu interrompí ele. Ele olhou pra mim com olhos agoniados, e eu tentei encontrar as
palavras certas, as palavras que iam livrá-lo daquela olbrigação imaginada que o causava tanta
dor. As palavras eram muito difíceis de dizer. Eu não sabia se podia dizê-las sem me quebrar. Eu
não queria ser uma fonte de culpa e angústia para a vida dele. Ele devia ser feliz, não importava o
que isso me custasse.
Eu realmente estava esperando colocar essa parte da conversa pra mais tarde. Isso ia fazer
as coisas acabarem muito mais rápido.
Baseada em todos os meus meses de prática por tentar ser normal com Charlie, eu mantive
o meu rosto suave.
- Edward - eu disse. O nome dele queimou um pouco a minha garganta quando saiu.
Eu podia sentir um fantasma do buraco, esperando pra se abrir de novo assim que ele
desaparecesse. Eu não via muito bem como era que eu ia suportar dessa vez.
- Isso tem que parar agora. Você não pode pensar nas coisas desse jeito. Você não pode
deixar... essa culpa... mandar na sua vida. Você não pode se responsabilizar pelas coisas que
acontecem comigo. Nada disso é culpa sua, isso é só parte do que a vida é pra mim. Então, se eu
tropeçar na frente de um ônibus ou o que quer que aconteça na próxima vez, você tem que se dar
conta de que não é o seu trabalho levar a culpa. Você não pode simplesmente sair correndo para
a Itália porque se sente mal por não ter me salvado. Mesmo se eu tivesse pulado daquele
precipício pra morrer, isso teria sido a minha escolha, e não sua culpa. Eu sei que é... a sua
natureza segurar a culpa por tudo, mas você realmente não pode deixar as coisas chegarem a
esses extremos! Isso é muito irresponsável, pense em Esme e Carlisle e...
Eu já estava quase perdendo o controle. Eu parei pra respirar fundo, esperando me acalmar.
Eu tinha que deixá-lo livre. Eu tinha que ter certeza de que isso nunca mais aconteceria de novo.
- Isabella Marie Swan - ele sussurrou, com a expressão mais estranha cruzando o rosto dele.
Ele quase parecia com raiva. - Você acredita que eu pedí que os Volturi me matassem porque eu
me sentia culpado?
Eu podia sentir a incompreensão no meu rosto. - Não foi isso?
- Se eu me sentia culpado? Intensamente. Mais do que você pode compreender.
- Então... o que é que você tá dizendo? Eu não entendo.
- Bella, eu fui até os Volturi porque eu achava que você estivesse morta - ele disse, com a
voz macia, com os olhos penetrantes. - Mesmo se eu não tivesse nenhuma responsabilidade pela
sua morte - ele tremeu quando disse a última palavra - mesmo se não fosse minha culpa, eu teria
ido para a Itália. Obviamente, eu devia ter sido mais cuidadoso, eu devia ter falado diretamente
com Alice, ao invés de aceitar uma informação de segunda mão de Rosalie. Mas, realmente, o que
é que eu podia pensar quando o garoto disse que Charlie estava no funeral? Quais eram as
chances? As chances - ele murmurou depois, distraído. A voz dele estava tão baixa que eu não
tinha certeza de que havia ouvido direito. - As chances estão sempre contra nós. Erro após erro.
Eu nunca vou criticar Romeu de novo.
- Mas eu ainda não entendo - eu disse. - É disso que eu tô falando. E daí?
- Perdão?
- E daí se eu estivesse morta?
Ele me encarou duvidosamente por um longo momento depois de responder. - Você não se
lembra de nada do que eu te disse antes?
- Eu me lembro de tudo que você me disse - Incluindo as palavras que anularam todo o
resto.
Ele passou os pontas dos dedos gelados no meu lábio inferior. - Bela, você parece ter
compreendido mal. - Ele fechou os olhos, balançando a cabeça pra frente e pra trás com um meio
sorriso no seu lindo rosto. Não era um sorriso feliz. - Eu pensei que já havia explicado isso
claramente antes. Bella, eu não posso existir num mundo onde você não exista.
- Eu estou... - minha cabeça nadou enquanto eu procurava pela palavra apropriada. -
Confusa. - Essa funcionava. Eu não conseguia entender o sentido do que ele estava falando.
Ele me olhou dentro dos olhos com um olhar sincero, intenso. - Eu sou um bom mentiroso,
Bella, eu tenho que ser.
Eu congelei, meus músculos se travaram com o impacto. A fina linha no meu peito de abriu;
a dor me tirou o fôlego.
Ele balançou meu ombro, tentando relaxar a minha postura rigida. - Me deixe terminar! Eu
sou um bom mentiroso, mas ainda assim, pra você acreditar em mim tão rapidamente - ele
gemeu. - Aquilo foi... um tormento.
Eu esperei, ainda congelada.
- Quando nós estávamos na floresta, quando eu estava te dizendo adeus...
Eu não me permití lembrar. Eu lutei pra permanecer apenas no presente momento.
- Você não ia desistir - ele sussurrou. - Eu podia ver isso. Eu não queria fazer isso, eu sentí
que me mataria fazer isso, mas eu sabia que se eu não te convencesse de que não te amava mais,
você ia levar muito mais tempo pra retomar a sua vida. Eu esperava que, se você achasse que eu
havia seguido em frente, você faria o mesmo.
- Uma despedida limpa - eu sussurrei por lábios que não se mexiam.
- Exatamente. Mas eu nunca imaginei que fosse tão fácil fazer isso! Eu pensei que fosse ser
quase impossível, que você ia saber que era mentira e eu teria que passar horas tendo que te
convencer e plantar a semente da dúvida na sua cabeça. Eu mentí, e eu lamento, lamento porque
te machuquei, lamento porque foi um esforço inútil. Lamento por não ter podido te proteger do
que eu sou. Eu mentí pra te salvar, e não funcionou. Eu lamento. Mas como é que você pôde
acreditar em mim? Depois dos milhares de vezes que eu disse que te amava, como é que você
pôde deixar uma palavra acabar com a sua fé em mim?
Eu não respondí. Eu estava chocada demais pra formular uma resposta racional.
- Eu podia ver nos seus olhos, que você honestamente acreditou que eu não te queria mais.
O conceito mais absurdo, mais ridículo, como se houvesse alguma forma de eu existir sem precisar
de você!
Eu ainda estava congelada. As palavras dele eram incompreensíveis, porque elas eram
impossíveis.
Ele chacoalhou meu ombros de novo, não forte, mas o suficiente pra fazer meus dentes
baterem.
- Bella - ele suspirou. - Sério, o que é que você estava pensando!
E então eu comecei a chorar. As lágrimas subiram e então começaram a descer
miseravelmente pelas minha bochechas.
- Eu sabia - eu solucei. - Eu sabia que estava sonhando.
- Você é impossível - ele disse, e deu uma risada, uma risada dura, frustrada. - Como é que
eu posso colocar isso de forma que você acredite em mim? Você não está dormindo, e você não
está morta. Eu estou aqui, e eu te amo. Eu sempre amei você, e eu sempre. Eu estava pensando
em você, vendo o seu rosto em minha mente, durante cada segundo em que estive longe. Quando
eu te disse que não te queria, aquele foi o tipo mais negro de blasfêmia.
Eu balancei a minha cabeça enquanto as lágrimas continuavam escapando do canto dos
meus olhos.
- Você não acredita em mim, acredita? - ele sussurrou, o seu rosto mais pálido que o pálido
normal, eu podia ver isso mesmo na luz fraca. - Porque você consegue acreditar numa mentira,
mas não na verdade?
- Nunca fez sentido você me amar - eu expliquei, minha voz escapando duas vezes.
- Eu sempre soube isso.
Os olhos dele se estreitaram, a mandíbula se apertou.
- Eu vou provar que você está acordada - ele prometeu.
Ele pegou o meu rosto seguramente entre suas mãos de ferro, ignorando minha luta quando
eu tentei desviar o meu rosto.
- Por favor não - eu sussurrei.
Ele parou, seus lábios estavam a meio centímetro dos meus.
- Porque não? - ele quis saber. O hálito dele bateu no meu rosto, fazendo minha cabeça
girar.
- Quando eu acordar - ele abriu a boca pra protestar, então eu revisei - Ok, esqueça essa,
quando você se for de novo, já vai ser duro suficiente sem isso também.
Ele se afastou um centímetro, pra olhar pro meu rosto.
- Ontem, quando eu te tocava, você estava tão... hesitante, cuidadosa, e ainda assim era a
mesma. Isso é porque eu estou muito atrasado? Porque eu te machuquei demais? Porque você
realmente seguiu com a sua vida, como eu planejava que você fizesse? Isso seria... muito justo.
Eu não vou contestar a sua decisão. Então não tente desperdiçar seus sentimentos, por favor, só
me diga se você ainda pode me amar ou não, depois de tudo que eu te fiz. Pode? - ele sussurrou.
- Que tipo de pergunta idiota é essa?
- Só me responda. Por favor.
Eu olhei pra ele com o rosto obscuro por um momento. - O jeito como eu me sinto por você
nunca vai mudar. É claro que eu te amo, e não há nada que você possa fazer pra mudar isso!
- Isso era tudo que eu precisava ouvir.
A boca dele já estava na minha, e eu não consegui lutar com ele. Não porque ele era
milhares de vezes mais forte que eu, mas porque a minha coragem se fez em poeira quando os
nossos lábios se encontraram. Esse beijo não era tão cuidadoso quanto eu me lembrava, isso pra
mim estava ótimo. Eu ia me acabar depois, mas também eu ia pegar em troca tudo o que eu
pudesse.
Então eu o beijei de volta, meu coração batendo feito um louco, num ritmo desconjuntado
enquanto a minha respiração ficava descontrolada e eu movia os meus dedos cuidadosamente
pelo rosto dele. Eu podia sentir o corpo de mármore dele em cada linha do meu, e eu estava tão
feliz por ele não ter me escutado, não havia dor no mundo que justificasse perder isso. As mãos
dele memorizavam o meu rosto, do mesmo jeito que as minhas mãos faziam com o rosto dele, e,
nos breves segundos que os nossos lábios ficaram livres, ele sussurrou meu nome. Eu estava
começando a ficar tonta, ele se afastou, só pra colocar a orelha dele no meu coração.
Eu fiquei lá, fascinada, esperando a minha asfixia para e se aquietar.
- Aliás - ele disse num tom casual. - Eu não vou te deixar.
Eu não disse nada e ele pareceu ouvir o ceticismo da minha voz.
Ele levantou a cabeça pra prender seus olhos aos meus. - Eu não vou a lugar nenhum. Não
sem você - ele adicionou mais seriamente. - Eu só te deixei em primeiro lugar porque eu queria
que você tivesse a chance em uma vida humana normal, feliz. Eu podia ver o que estava fazendo
com você, mantendo você constantemente na cara do perigo, tirando você do mundo ao qual você pertencia, arriscando você a cada minuto que você passava comigo. Então eu tinha que tentar. Eu
tinha que fazer alguma coisa, e pareceu que ir embora era o único jeito. Se eu não pensasse que
você estava melhor sozinha, eu nunca teria me obrigado a ir embora. Eu sou egoísta demais. Só
você poderia ser mais importante do que o que eu queria... ou precisava. O que eu quero e
preciso é estar com você, e eu sei que jamais serei forte o suficiente pra ir embora de novo. Eu
tenho muitas desculpas pra ficar, graças aos céus por isso! Parece que você não consegue ficar
segura, não importa quantos quilômetros eu ponha entre nós.
- Não me prometa nada - eu sussurrei. Se eu me deixasse ter esperanças demais, e isso
desse em nada... isso me mataria. O trabalho que todos aqueles vampiros sem piedade não
conseguiram fazer, elevar minhas esperanças ia terminar.
A raiva soltou um brilho metálico dos olhos dele. - Você acha que eu estou mentindo pra
você agora?
- Não, não mentindo. - Eu balancei minha cabeça, tentando pensar nas coisas
coerentemente. Examinar a hipótese de que ele me amava, enquanto continuva objetiva, clínica,
pra que assim eu não caísse na armadilha de esperar nada. - Você fala sério... agora. Mas e
quanto a amanhã, quando você pensar em todas as razões pelas quais foi embora em primeiro
lugar? Ou no mês que vem, quando Jasper der a louca pra cima de mim?
Ele enrijeceu.
Eu pensei de novo nos piores dias da minha vida quando ele me deixou, e tentei vê-los pela
perspectiva que ele me dava agora. Dessa perspectiva, imaginando que ele nunca havia deixado
de me amar, que ele havia me deixado por mim, seus silêncios penetrantes e frios ganharam um
significado diferente.
- Não é como se esse não tivesse sido o seu motivo pra ir embora da primeira vez, não é? -
eu adivinhei. - Você vai acabar fazendo aquilo que você acha certo.
- Eu não sou tão forte quanto você acredita que eu sou - ele disse. - Certo e errado já
deixaram de significar tanto pra mim; eu já ia voltar do mesmo jeito. Antes de Rosalie ter me dado
as notícias, eu já estava cansado de viver a vida semana depois de semana, ou um dia de cada
vez. Eu estava lutando pra ver as horas passarem. Era só uma questão de tempo, e não muito
tempo, antes de eu aparecer na sua janela e implorasse que você me aceitasse de volta. Eu ficarei
feliz de implorar agora, se você quiser isso.
Eu fiz uma careta. - Fale sério, por favor.
- Oh, eu estou - ele insistiu, me encarando agora. - Será que dá por favor pra você tentar
ouvir o que eu estou dizendo? Será que você pode me deixar tentar explicar o quanto você
significa pra mim?
Ele esperou, examinando o meu rosto enquanto falava pra ter certeza de que eu estava
escutando.
- Antes de você, Bella, minha vida era uma noite sem lua. Muito escura, mas haviam
estrelas, pontos de luz e razão... E aí você apareceu no meu céu como um meteoro. De repente,
tudo estava pegando fogo; havia brilho, havia beleza. Quando você não estava lá, quando o
meteoro caiu no horizonte, tudo ficou escuro. Nada havia mudado, mas os meus olhos haviam
ficado cegos com a luz. Eu não conseguia mais ver as estrelas. E não havia mais razão pra nada.
Eu queria acreditar nele. Mas essa era a minha vida sem ele que ele estava descrevendo,
não o contrário.
- Seu olhos irão se ajustar. - Eu resmunguei.
- Esse é o problema, eles não podem.
- E as suas distrações?
Ele riu sem um traço de humor - Só mais uma parte da mentira, amor. Não tinha nenhuma
distração vinda da... da agonia. Meu coração não bate a quase noventa anos, mas isso era
diferente. Era como se meu coração tivesse ido, como se eu fosse um buraco. Como se eu tivesse
deixado tudo que havia dentro de mim aqui com você.
- Isso é engraçado. - Eu murmurei.
Ele arqueou uma perfeita sobrancelha - Engraçado?
- Eu quis dizer estranho, eu pensei que isso fosse só eu. Muitos pedaços de mim ficaram
perdidos, também. Eu não estive capaz de respirar realmente por tanto tempo. - Eu enchi meus
pulmões, luxuriando na sensação. - E meu coração. Isso estava definitivamente perdido.
Ele fechou seus olhos e pousou sua orelha sobre meu coração de novo. Eu deixei minha face
pressionar seus cabelos, sentindo a textura disso na minha pele, sentindo o delicioso aroma dele.
- Perseguir não foi uma distração então? - Eu perguntei, curiosa, e também necessitando de
me distrair. Eu estava em muito perigo pela esperança. Eu não seria capaz de me parar por muito
tempo. Meu coração palpitou, cantando em meu peito.
- Não - Ele suspirou. - Isso nunca foi uma distração. Isso foi uma obrigação.
- O que isso quer dizer?
- Isso que dizer que, mesmo pensando que eu não esperava nenhum perigo de Victoria, eu
não ia deixar ela ir embora com... Bem, como eu disse, eu era horrível fazendo isso. Eu tracei o
caminho dela tão longe quanto o Texas, mas então eu segui uma falsa pista no Brasil, e ela
realmente veio aqui. - Ele resmungou. - Eu não estava nem no mesmo continente! E todo esse
tempo, pior do que meus piores medos...
- Você estava caçando Victoria? - Eu meio que gritei assim que eu consegui encontra minha
voz, ultrapassando oito oitavos.
Os roncos distantes de Charlie gaguejaram, e então voltaram a um ritmo regular novamente.
- Não bem - Edward respondeu, estudando minha indignação com um olhar confuso. - Mas
eu vou fazer melhor dessa vez. Ela não vai ter bom ar entrando e saindo por muito tempo.
- Isso está.... fora de questão - Eu balancei a cabeça para esquecer. Insanidade. Mesmo que
ele tivesse Emmett ou Jasper ajudando ele. Isso era pior do que minhas outras idéias: Jacob Black
estando à pouco espaço da figura viciante e felina de Victoria. Eu não podia suporta imaginar
Edward lá, mesmo pensando que ele era muito mais durável que meu melhor amigo meiohumano.
- É muito tarde para ela. Eu devo ter deixado o outro tempo passar, mas não dessa vez, não
depois...
Eu interrompi ele novamente, tentando soar calma. - Você não tinha acabado de prometer
que você não ia partir? - Eu perguntei, arrancando as palavras assim que eu disse elas, não as
deixando se plantarem em meu coração. - Isso não é extamente compatível com uma extensiva
perseguição, é isso?
Ele amarrou a cara. Um rosnado começou a se formar baixinho em seu peito.
- Eu vou manter minha promessa, Bella. Mas Victoria - o rosnado começou a ficar mais
carregado - vai morrer. Logo.
- Não vamos ser precipitados. - Eu disse, tentando esconder meu pânico. - Talvez ela não vá
voltar. A matilha de Jack provavelmente assustou ela. Realmente não há razões para ir procurar
ela. Além do mais, eu tenho problemas maiores que Victoria.
Os olhos de Edward se estreitaram, mas ele confirmou com a cabeça. - É verdade. Os
lobisomens são um problema.
Eu bufei. - Eu não estava falando de Jacob. Meus problemas são bem maiores do que um
punhado de lobisomens adolescentes colocando eles mesmos em problemas.
Edward olhou como se ele estivesse prestes a dizer alguma coisa, e então pensou melhor
sobre isso.
- Sério? - Ele perguntou. - Então qual seria seu maior problema? Que iria fazer o retorno de
Victoria a você parecer um inconseqüente assunto em comparação?
- Que tal sobre o segundo maior? - Eu sugeri.
- Tudo bem - Ele concordou, desconfiado.
Eu pausei. Eu não estava certa de que conseguiria dizer o nome. - Tem outros que estão
vindo procurar por mim. - Eu lembrei ele em um baixo sussurro.
Ele suspirou, mas a resposta não foi tão forte quanto eu havia imaginado depois da resposta
à Victoria.
- Os Volturi são só o segundo maior problema?
- Você não parece tão chateado com isso. - Eu notei.
- Bem, nós tempos um bom tempo para pensar sobre isso. Tempo significa algo muito
diferente pra eles do que significa pra você, ou até para mim. Eles contam anos do jeito que
contas dias. Eu não estaria supresso se você tiver 30 quando cruzar as mentes deles novamente.
O horror passou através de mim.
Trinta.
Então sua promessa significou nada, no final. Se eu iria ficar com trinta um dia, então ele
não poderia estar planejando em ficar muito tempo. A enorme dor desse conhecimento me vez
perceber que eu já havia começado a juntar esperanças, se me deixar fazer 5 x 0.
- Você não precisa ter medo. - Ele disse, preocupado assim que viu as lagrimas rolarem dos
cantos de meus olhos novamente. - Eu não vou deixar eles te machucarem.
- Enquanto você estiver aqui - Não que eu me importasse com o que iria acontecer à mim
depois que ele me deixasse.
Ele pegou minha face entre suas duas mão de pedra, segurando isso firmemente, enquanto
seus olhos escuros olhavam dentro dos meus com a força gravitacional de um buraco negro. - Eu
nunca vou deixar você novamente.
- Mas você disse trinta - Eu sussurrei. As lagrimas fluíam além do possível. - O que? Você vai
ficar mas me deixar ficar toda velha de qualquer maneira? Certo.
Seus olhos amaciaram, enquanto sua boca ficou dura. - Isso é exatamente o que eu vou
fazer. Qual escolha tenho eu? Eu não posso ficar sem você, mas eu não vou destruir sua alma.
- Isso é realmente... - Eu tentei manter minha voz, mas essa pergunta era muito difícil. Eu
lembrei de sua face quando Aro quase começou a considerar me transformar em imortal. O olhar
doente lá. Era essa fixação em me manter humana com minha alma, ou era incerteza de que ele
não me agüentaria por tanto tempo?
- Sim? - Ele perguntou, esperando por minha resposta.
Eu perguntei em um diferente tom. Quase de forma, mas não quieta, dura.
- E quando eu começar a ficar tão velha e as pessoas começaram a achar que sou sua mãe?
Sua avó? - Minha voz estava pálida com repulsa. Eu podia ver a face de vovó novamente, no
sonho do espelho.
Sua face inteira estava suave agora. Ele secou as lagrimas das minhas bochechas com seus
lábios. - Isso não significa nada pra mim. - Ele respirou contra minha pele. - Você sempre será a
coisa mais linda em meu mundo. É claro - Ele hesitou. Recuando ligeiramente. - Se você me
superar, se você quiser algo mais, eu irei entender isso, Bella. Eu prometo, eu não vou ficar no
seu caminho se você quiser me deixar.
Seus olhos eram ônix liquido e ultra sinceros. Ele falou como se tivesse posto fins a esse
estúpido plano.
- Você percebe que eu vou eventualmente morrer, certo? - Eu reivindiquei.
Ele pensou sobre essa parte, também. - Eu irei te seguir assim que puder.
- Isso é seriamente... - Eu procurei pela palavra certa. - Doente.
- Bella, é o único jeito certo deixado...
- Vamos só voltar por um instante. - Eu disse, sentindo a raiva fazer isso muito mais claro,
decisiva. - Você se lembra dos Volturi, certo? Eu não posso permancer humana para sempre.
Mesmo que eles não pensem em mim até eu ter trinta - Eu sibilei a palavra - Você realmente acha
que eles vão esquecer?
- Não - ele respondeu devagar, balançando a cabeça. - Eles não vão esquecer, mas...
- Mas?
Ele sorriu, enquanto eu olhava para ele desconfiada. Talvez eu não fosse a única louca.
- Eu tenho alguns planos.
- E esses planos - Eu disse, minha voz ficando mais acida com cada palavra. - Esses planos
giram todos em torno de mim permanecendo humana.
Minha atitude endureceu sua expressão. - Naturalmente - Seu tom era brusco, sua divina
face arrogante.
Nós nos encaremos por um longo minuto.
Então eu respirei fundo, balançando meus ombros, eu puxei seus braços para longe assim
podendo me sentar.
- Você quer que eu vá embora? - Ele perguntou, e meu coração palpitou mostrando que
essa idéia feria ele, mesmo ele tentando não mostrar isso.
- Não - Eu disse - Eu estou indo embora.
Ele me olhou suspeito assim que eu pulei pra fora da cama e tateei pelo quarto escuro, a
procura de meus sapatos.
- Eu devo perguntar aonde você está indo? - ele perguntou.
- Eu estou indo pra sua casa. - Eu contei a ele, ainda me sentindo cega.
Ele se sentou e veio para o meu lado. - Aqui estão seus sapatos. Qual é seu plano para
chegar lá?
- Minha caminhonete.
- Isso iria provavelmente acordar Charlie - ele ofereceu como um elemento de dissuasão.
Eu suspirei. - Eu sei. Mas honestamente, eu vou ficar de castigo por semanas por isso. Em
quão mais problemas eu posso entrar?
- Nenhum. Ele vai me culpar, não te.
- Se você tem uma idéia melhor, sou toda ouvidos.
- Fique aqui - Ele sugeriu, mas sua expressão não era esperançosa.
- Sem chances. Mas você vá na frente e faça você mesmo em casa. - Eu o encorajei,
supressa com qual naturalidade minha brincadeira havia zoado, e andei em direção a porta.
Ele estava lá antes de mim, bloqueando minha passagem.
Eu amarrei a cara, e me virei para a janela. Não era tão longe do chão, e havia uma grande
porção de grama embaixo.
- Okay - ele suspirou. - Eu te darei uma carona.
Eu dei os ombros - De qualquer jeito. Mas você provavelmente deveria estar lá, também.
- E porque isso?
- Porque você é extraordinariamente opinante, e eu estou certa que você quer uma
mudança para refrescar seus pontos de vista.
- Meu ponto de vista em qual assunto? - Ele perguntou através dos dentes.
- Isso não é mais sobre você. Você não é o centro do universo, você sabe. - Meu próprio
universo pessoal era, é claro, outra história. - Se você for trazer os Volturi atrás de nós por causa
de algo estúpido como me deixar humana, então sua família deveria ter voz ativa.
- Ter voz ativa em que? - Ele perguntou, cada palavra distinta.
- Minha mortalidade. Eu estou colocando isso em votação.

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